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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Impacto Lunar registrado pelo CEAAL - Atualizações

Por David Duarte



Na madrugada do dia 14/12/2017, instantes antes do alvorecer, os sócios do CEAAL, Romualdo Caldas e David Duarte (atuais Presidente e Vice-Presidente do Centro), fizeram, de Maceió, o registro histórico em vídeo do primeiro impacto lunar confirmado por meio de registros brasileiros, uma vez que o outro vídeo também foi feito desde o território nacional, precisamente do município de Araruna-PB, por Marcelo Zurita e equipe, membros da APA (Associação Paraibana de Astronomia).

Convém elucidar que é necessário haver ao menos dois registros do fenômeno -- obtidos por setups fotográficos distintos e razoavelmente distantes entre si -- para uma validação mútua e confirmação de que o flash captado, de fato, ocorreu na superfície lunar, sendo decorrente, portanto, da colisão de um meteoroide com a Lua.

Felizmente, devido a uma campanha nacional organizada pela BRAMON (Rede Brasileira de Observação de Meteoros), da qual os envolvidos também são integrantes, tal requisito de pluralidade de gravações foi logrado!

Vale também ressaltar que o registro desse tipo de evento astronômico é consideravelmente raro, mesmo a nível mundial! E este foi o primeiro do Brasil!

Para um relato detalhado dos nossos preparativos e exultação nos instantes imediatamente posteriores à constatação do impacto, leia o texto de Romualdo de alguns dias atrás, no post anterior.

Aludindo às atualizações propriamente ditas, que prometia o título, seguem abaixo, enumeradas:

1. Desde as horas subsequentes à confirmação do registro duplo, empreendi uma minuciosa análise de todos os vídeos que gravamos, tendo-os preparado tecnicamente para leitura/análise pelo software indicado pela NASA, Lunarscan, e também feito edições para versões adequadas à divulgação pública. O software supracitado identificou, como esperado, o impacto já anteriormente notado por nós, mas, para nossa surpresa, também um segundo flash candidato a impacto, cerca de 43 segundos após o primeiro, nas cercanias da cratera Cleomedes, próximo ao Mare Crisium (Mar das Crises) foi apontado. Infelizmente, a equipe da Paraíba teve um problema técnico logo em seguida ao registro do primeiro flash e não estava mais gravando. No entanto, embora seja difícil validar esse segundo flash como impacto, tal possibilidade também não foi descartada pelas organizações internacionais que consultamos.

 Primeiro flash (acima) e segundo (abaixo).

2. Reportamos nossos registros às instituições internacionais competentes, nomeadamente a ALPO (Associação de Observadores Lunares e Planetários) e a NASA, por meio do Marshall Space Flight Center. Já obtivemos resposta de todos. Um dos coordenadores da ALPO, Brian Cudnik, prontamente confirmou se tratar de um impacto! Um outro coordenador da ALPO, assim como a pessoa designada pela NASA, pediram um tempo maior para efetuarem análises mais criteriosas, o que pode demorar até janeiro, devido ao período de Natal e Réveillon, mas, informalmente, deram como quase certa a confirmação, e é notável a atenção dispensada e entusiasmo perceptível pelos emails, que só validam essa impressão, ainda que informal por ora. Acerca do segundo flash, todos também mostraram bastante interesse e prometeram análises, mesmo não tendo havido registro duplo deste.

3. Um sócio da BRAMON, Lauriston Trindade, se encarregou de fazer cálculos a fim de estimar as propriedades físicas do primeiro impacto, resultando em valores médios de:
Densidade do impactador: 1800 kg/m³
Massa: 150 g
Diâmetro: 4 a 10 cm
Velocidade: 126.000 km/h
Potência luminosa: 300 kW

4. Já enviamos solicitação para que o orbitador lunar da NASA, o LRO, faça novas imagens dos prováveis locais de impacto. As solicitções foram aceitas, mas ainda sem prazo para se efetivarem.

5. Finalizamos com este belo vídeo feito pela BRAMON acerca dos resultados da campanha, que culminou com o fenômeno registrado por nós:


Céus limpos e Feliz Natal,
David Duarte



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